Por Rubens, o Jardineiro Poeta

30 de mai. de 2011

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Função do amor é fabricar desconhecimento
(o conhecido não tem desejo;mas todo o amor é desejar)
embora se viva às avessas,
o idêntico sufoque o uno  a verdade se confunda com o facto,
os peixes se gabem de pescar
e os homens sejam apanhados pelos vermes
(o amor pode não se  importar se o tempo troteia,
a luz declina, os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
o medo tem morte menor;
e viverá menos quando a morte acabar)
que afortunados são os amantes
(cujos seres se submetem  ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder 
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver
(que riem e choram)
que sonham,
criam e matam enquanto o todo se move;
e cada parte permanece quieta.
Rubem Alves

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