5 de jul. de 2011

| | | 0 comentários
Quero uma casa
Sobre a mais selvagem árvore
Galhos hostis invadindo meu abrigo
Chuva barulhenta no telhado,
Talvez uma goteira, pinga na lata
Eu não a concertaria
Pelo telescópio vejo pastagens
Com minúsculos pontos brancos


Na janela uma floreira
Amor perfeito e dente de leão
Minha maquina de escrever
Tec tec telec tec
Dedos saltitantes, mente avoada
Escreveria sobre guerras e vitórias
Poemas de religare e de coisas inexistentes
Cantigas de roda e contos coloridos
Feitiços, dinamarqueses e Breda
Luz e trevas
Inefável

A chuva sempre acaba
E Sol chega
No alto, um vitral, azul e verde
Poesia alegre, sorrisos impertinentes
Tela, tintas velhas e pincéis vagabundos
Golpes de ira, espectativa e espera
Um milhão de sóis na parede
Nunca acaba, cíclico, eterno

Minha casa paira sobre um abismo
Olho pra ele, ele olha pra mim
Não temo o que vejo.

Temo o que ele vê

Sou uma fração do abismo
E aceito

E ele?
Aceita ser uma fração de mim?

Duvido muito...
Posso senti-lo se esquivando
Escondendo a faísca
Apagando
Amanda Medina.