4 de mai. de 2012

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Desenhar figuras é uma forma ociosa de

concluir uma manhã de estudo improfícuo.

Entretanto, é em nosso ócio, nos nossos sonhos,

que a verdade submersa às vezes vem à tona.



Um exercício de psicologia, mostrou-me, ao

examinar meu caderno,

que o esboço do céu chuvoso fora feito com raiva.

 A raiva se apossara de meu lápis, enquanto eu sonhava.

Mas o que estaria a raiva fazendo ali?



Amanda Medina

3 de mai. de 2012

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Para enfrentar tudo aquilo

Precisaria ter garras de aço e bico de bronze

até para penetrar a casca.



Como chegarei a encontrar as sementes

da verdade enterradas em toda esta massa

de desculpas?



 perguntei a mim mesma, e em desespero

comecei a percorrer com os olhos a longa lista de

fatos.



 Até os não ditos davam-me alimento

para a mente.

Amanda Medina

30 de abr. de 2012

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A cidade era como uma oficina.

A cidade era como uma máquina.

Todos estávamos sendo atirados

 de um lado para outro

 nessa verdadeira fundição

para fazer algum

molde.
Amanda Medina



Numismata

28 de abr. de 2012

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Busco vocabulário contemporâneo

Para definir sentimentos antigos

Aqueles indefinidos do mundo.


O mundo quando nasceu

Jogado no sistema
Sentiu-se só.



E desta solidão densa,
Viscosa talvez

Se fez companheiro.



Quantos de nós
Pelos séculos
Adentro e afora
Nos sentimos mundo?
  e desacolhido.


 Parimos a nós mesmo
Tememos nosso grito

Amamos a solidão
...Como á um vício

Doce veneno!

...e em lapsos de consciência

queremos partilhar
nossas solidões?


 o instante... passa.

a vida passa

até o amor passa

mas a solidão
permanece .


Amanda Medina.

Siamesas

27 de abr. de 2012

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O Aloé
Que floresce uma vez a cada cem anos
Florirá 2 vezes
Antes da verdade.
Desabrochar .

...ou será desabar?
tetos e paredes
minha estrutura
minha fagulha.

ego
ego
ego
ego
ismo de doença
doente
ego
ego
ego
eu
sem
apenas eu
sempre apenas eu
pra sempre

ego ego ego

Criança ridícula, ela me diz
Não entendes que és minha...única e sempre.
És pois eu sou
Nunca outro
Já somos a mesma coisa
densa e intocável
Me ame, e ainda será sã
Me odeie, e mais te terei!

Como é sábia essa minha solidão.
Amanda Medina
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A dor

fluido puro,


Refinaria

o óleo essencial da verdade.



Amanda Medina

Epifania

26 de abr. de 2012

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...a primeira conversa igualitária de um casal
na chuva,
a noite.

Sobre o fim.


...sobre o nada que restou
e tudo que ocorreu.


O orgulho,
a dependência,
o costume,
a dor!


Lágrimas antecipadas
e anestesia póstuma


...era hora de recolher a carcaça amarfanhada do dia.

Amanda Medina
26/04/2012

Todas as Mulheres Desejam por Natureza Criar

24 de fev. de 2012

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Aristóteles não gostava de arte
Porque achava que a arte era uma mentira
 a cópia da cópia e blá blá blá

Eu não gosto de Aristóteles
Porque eu penso que fragmentar para conhecer é uma mentira
Só com a interdiciplinariedade se pode criar algo autêntico.

Homem incompleto é você, caro Aristóteles
Faltou a cicuta corroendo sua língua.

Amanda Medina

Fragmento da Carta XII

20 de fev. de 2012

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Sinto-me verdadeira, o que não quer dizer bem,  mas até a minha dor é minha e não do razoavelmente esperado.  Me dei conta de que nem eu mesma fui esperada, uma surpresa ou um acidente, não importa, pois desde minha concepção tive a oportunidade de mudar algumas rotas, meu pai jura que para melhor, minha mãe não tem tanta certeza, mas nos sentimos mutuamente como complementares e  é o que permanece.
Amanda Medina

Alpinismo

17 de fev. de 2012

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E se a paz se anunciar

Aqui dentro?


Sinaliza que o olhar , unilateral não é

Nem o outro lado, inalcançável

Nem o ciclo, interminável

Nem o erro, irreparável

Nem a lei, irreparavelmente antiquada


Se me permite a imaginação

Não precisamos mais de partidos

Para nos manifestar

Viva Viva em Brasília, o passarinho azul contou

Curtiu, postou, seguiu e cutucou


Que não há como mudar

Se todos os dias forem iguais

Se todos os políticos forem iguais

Se todos os homens forem iguais

E se todas as mães também.


Falta tanta coisa, mas já temos uma faísca

A perseguição coletiva pelo verdadeiro, o original


Até as chapinhas estão caindo de conceito

A onda agora é assumir a onda, diz a Capricho

E então de súbito

O sentimento de liberdade  invade a mulherada

Livres para serem...como são!


Mas no final, são escolhas

Se  eu tentar influenciar não serei melhor que o marqueting infantil

Uma troca: um coração oco por uma auto imagem positiva


Mas tenho um plano

E isso poderá mecher com os alicerces corroídos


Uma semente, uma lição perfeita

Ebulição interior pra criar raízes e alcançar o elevado nível de ser tocada pelo vento

Poderia até ensaiar uma oração: Grande mãe, de-me tempo para aprender...


Viver exige habilidade...

E a palavra vem, simples

Recriar-te

Recriar

Criar

Com arte

A ti mesma


Amanda Medina


Mais do Mesmo

14 de fev. de 2012

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Estou nascendo

A dor esta me parindo

Dores de um parto,

deixando um mundo confortável para traz

Partindo conceitos ao meio

Parindo uma metade quântica

Milhões de possibilidades

Amanda Medina


Gentileza dos bárbaros

27 de jan. de 2012

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Odeio folhagens em vasos de plástico
Estáticas!
Comportadas!
Quase artificiais...

Que belo seria fincar raízes em solo de mata.

Negação Poética

25 de jan. de 2012

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Um momento de escuridão,quando se percebe que os anos passaram e todo o processo pode ter te levado longe demais.  Aqueles rostos, outrora tão amigos e importantes se dirigiram a insignificancia, não nutrimos nem a mais remota afinidade, intimidade, nada.
 As convenções sociais me forçam a abraços vazios, que me ferem como flechas de “o que era mesmo”.
Como fui feliz em minha ignorância.
Quero parar a música,  jogar ao chão as bebidas, bater-lhes nas faces e dizer: cresçam, meus antigos amigos, para que possamos novamente conversar com igualdade, para que possamos desfrutar de tardes longas de diáogos acalorados, deixem de lado essa infantil embriaguês,  fiquem sóbreos, esqueçam seu Deus domingueiro e se libertem.
Acordem desgraçados.
 Mas nada faço.
As paixões mal  resolvidas se tornam inesqueciveis por estarem aliadas ao “E SE”, já as amizades passadas nos ferem no orgulho de caminhar. Como saudade da virgindade, não servia pra nada mas não dá pra voltar atrás. Piada cretina.

Quando, pergunto ao rosto maquiado no espelho, quando voei  pra tao longe e deixei-os todos para tras? Quantos mais deixarei? Haverá alguem a me esperar?
Só um choro convulsivo como resposta.

Amanda Medina.

Relativismo

17 de jan. de 2012

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Na relatividade do tempo
o tic tac é ignorado

a falta fala
a alma cala
e o silêncio reina.

Amanda Medina

Ladainha

7 de jan. de 2012

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Gospe em minha verdade
e se ajoelha para essa hipocrisia

Meu amor pagão
não tem amarras

Não juramos eternidade
Somos finitos
Mas que a felicidade seja o padrão

Meus pecados originais, sem batismo purificador
Mas seu rosário não te salvou da amargura
Purifico-me com noites
de amor
romântico
blues antigos
a meia luz

Amém...