Armistício

27 de nov. de 2010

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Combate, guerra e morte
Outras palavras, por favor
Paz, amor e luz
Só uma Justiça cega exige sangue

Baixa o pano, sai de branco pra Oxalá.
Please, uma frase diferente
Pode falar baixinho, sem alarde.
Já deixei minha lágrima pra realidade.

Abre o teatro mágico
Pra cada mão, estende uma flor e o violão.

Reinventa essa cidade

seus vícios, vinícius e tons

Chama, sem medo,

o  abraço carioca do Redentor

Mil fuzis e tanques não apavoram

a face que sorri imortal

 

rr

Comando submundo

25 de nov. de 2010

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Tamo junto, governo e comando num só.
Partiu pra Catanduvas a gente volta depois da eleição.
Quebrou a palavra, bagulho vai queimá.

Esse papo todo tá enviesado.
Não tem ideia reta.
Capetas do Nascimento querem matar.
Uma tv de gente pra aplaudir.

Vai saber onde mora a verdade?
No sobe-e-desce entre gabinetes e morros
em meio a um tiroteio de balas perdidas
Mas, deveras, ricocheteará assassina
no peito preto de um inocente
 

Sonho Impossível

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Imagem Salvador Dali
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo      
Cravar esse chão


Não me importa saber                                                  
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão...

Chico Buarque
(tradução opera Dom Quixote de La Mancha)
Amanda Medina
 


24 de nov. de 2010

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Ontem deixei a porta aberta de madrugada
Como de costume
Gosto do ar frio correndo por aqui
Saí do banho com a toalha na cintura, pingando.


Eis que lá estava um gato preto
Ignorando claramente as regras de propriedade
O contrato social
E as boas maneiras.


Ficamos nos encarando
É isso que acontece quando se deixa a porta aberta
Nossos olhos brilhando na escuridão
Nossa escuridão brilhando na luz morta dos corredores.


Ficamos ali
Que se dane
Ofereci uma bebida
E quem rejeita uma a essas horas?


Bebemos nossas almas e algo mais
Falamos sobre as coisas daqui e de lá
Gato preto disse que a morte
É só o começo.


Israel
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Ah!Esse mundo tão concretamente abstrato.
Esse abstrato tão concreto das estrelas
Que afrontam meus olhos
Me encantam e me amansam
E me lançam nos segredos do universo
Escoltada por Quixote, 
Contra meus moinhos de vento...
 
 
Tão dragões no meu infinito mar.
 
Avante combatentes !
Que a guerra não tarda
Ela é velha e inóspita...
Mas temos a certeza como brasão
Mesmo quando ausente, bordada em nós
 
Ingenuos operantes...
Certeza é cavalo de Tróia,
Enquanto sonhas, ela te corta por dentro
Retalhando te deixará  pequeno, operante inutil
 
Só se vence a batalha quando se duvida
Pois a dúvida a vida te reconstrói
Remenda os buracos da certeza com ideia esquecida na infância
 
E te liberta do cazulo
Com asas de estrela.
 
Amanda Medina

Só saudade

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Não tenho sono, só sonhos
A porta range
O vento assovia
Nenhuma montanha no horizonte

Sem sono, somente sonhos
A corda desafina
O estômago remexe
Nenhuma cerveja na geladeira

Sou sonhos, sem sono
Oitenta quilos de ansiedade
Sem o mar que leva a sede
E amigo pra vadiar na madrugada

Sonho que tenho sono
Silenciosamente mudo
Mas agora é tarde
Sou só saudade

Tem som de passarinho
Corpo de café para o sono
Da janela, o sol acena à Cartola
E sigo com sede, sonhos, saudade...

23 de nov. de 2010

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Tamanha preguiça, arranha o teclado, mede a poeira da tela.
Bocejo, estalo de dedos e ainda é preciso escrivinhar
Talvez ninguém, nem mesmo o professor, leia uma palavra.
Tarefa insana, tijolo por tijolo, pai-nosso e ave maria até o amém de uma nota de rodapé sem graça

Tamanha galáxia, sem enfadonhos
Tanta cor, pra descansar a retina
Há por lá alquimistas e gente desligada
de ser, ter, estar e poder

Seu moço, Raulzinho, não me deixa aqui
Quero ir, sem passaporte, vistos e vícios
Dispenso papel, caneta e violão
para dormir na poeira de uma silenciosa explosão

Uns e outros

20 de nov. de 2010

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Sou tantos que me pergunto que pessoa sou
Fernando, Amanda, Israel ou Rodrigo
Posso ainda ser Ricardo, mais um Chico ou João
Que tal Raimundo, para navegar pelo mundo.

Assim, meio gauche, vou como Carlos
Chutando pedras e rimando versos
Vinícius, meu violão
Laura, a primeira namorada
Tantos uns, tantos outros
Gente em forma de estrela

Passo agora pela questão 11
São 11:11 e sigo adiante
No acaso do um, penso no outro
Pode ser ele, um número com CPF e identidade

Sim, sou muitos
Choro, rio e miro o céu
Ao lado de raros poetas
vou voar por aí....

rr

18 de nov. de 2010

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De fronte
Encaro caras
Encaro o que sou
O que não fui
Um projeto tão esperado
Tão desejado
Que nasce
Para ser amor e traição
Para ser amado
Desejado
e odiado
Sou energia
Sou átomos
Sou química
Sou física
Sou nada
e ainda sim para alguém
sou tudo.



Israel
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Muito difícil manter essa tal sanidade
Todos se equilibram em finas cordas
Sorrindo!sorrindo!
Pois tudo é perfeito!
Mas a corda estoura de vez em quando
E aqui em baixo eu vejo essa chuva
Pessoas caem e caem
Buracos na mente
Poços fundos
Passos incertos no vazio
Encontraram os braços do amor
ou da loucura
No final é tudo a mesma coisa.


Israel

Fly Sky Cry...Hope

12 de nov. de 2010

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Falar
Ruídos impensados
Palavra lixo, inútil, inerte
Sem potencia e potencial
Porcos querendo falar pérolas
Domesticados devoradores de programações manipuladas
Vomitadores das mentiras contadas para abafar a dor do não saber
Como dóceis ovelhas treinadas  hipnopedicamente  para temer a liberdade .

Palavrear não!
Isso exige sentimento, verdade, religare
É a exteriorização da inquietação dos questionadores
É preciso se embrenhar no labirinto dos pensamentos seculares
Ser atacado por sua condição de ser finito, frágil, sentimental e imperfeito
E ainda assim querer ser humano, construir com o que restou  asas “icarianas”
Fortes o bastante para não derreterem a luz  nascente da verdadeira liberdade.

Voar para céus distantes além das constelações conhecidas
Buscando o dom inefável de acalmar mares turbulentos
Que ao chorar, transbordam pelos olhos
Olhos que deveriam reluzir
A esperança no ser.




Amanda Medina

11 de nov. de 2010

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Dor do que se arrasta
Círculos
Nossa incrível jornada...


Desejo, sempre faminto
Desejo sempre faminto
O que não sei.


Desesperadamente
Vivendo o futuro
Matando o presente.


O mundo cai em nossas cabeças
Com redemoinhos de luzes
Flashs, gritos e vozes.


Onde foi parar minha calma?
Onde foi parar a calma do meu mar?
Minhas montanhas e riachos tranquilos...


O comover-se
O contemplar do mundo
Tudo submergido no concreto


Todos cavando e cavando
Na loucura cotidiana
Servida em bandejas pelas telas dos lares


Comendo horas
Comendo semanas
Comendo nacos de vida perdida.


Olhei para o céu um dia
E gritei:
O que tenho feito de minha vida?


Não faço essa pergunta em meu leito de morte
Não quero a calma resignação
Eu grito, eu grito!


Quem quiser que me abrace e grite comigo:
O que temos feito de nossas vidas?
O que temos feito de nossas vidas?


Israel