12h:00min

12 de abr. de 2011

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Pelos muros pichados na cidade
Sente-se a ira dessa gente alada,
Povo bonsai, que de tempos em tempos poda suas raízes
Técnica lenta e dolorosa
Que resulta num não crescimento
Se movem pelas máquinas
pois os corações deformados
Apenas pulsam, nunca amaram.
Contudo, penetra  a atmosfera cinzenta                                                           
Um casal de sexagenários
Gente de raízes profundas
Do tempo das varandas e dos namoros de muro
Olhar elevado, vasculhando...
E derrepente, não mais que derrepente,
Um sorriso! Me comovo com sorrisos inesperados

Ainda é outono, e há andorinhas nos fios telefônicos.
Talvez uma dúzia
Para lembrar os pequenos cariocas, empurrados do ninho, sem asas.
Mais umas esquinas, horário de rush.
Um casal estudantil  me leva aos primórdios do sentimento 
Pensam estar seguros, longe dos portões da  escola
Afastados do olhar rígido de um pai que esqueceu-se do desejo
Não imaginam nada além das sutilezas do próximo gesto
Mais um sorriso apaixonado

Sutilezas da delicadeza do querer bem
Mal sabem eles o qual observados são...
Minhas manias de observação
Me levam a um contemplar dos sinais de alegria
Uma caçada árdua nesse dia sem Sol
E quando dava minha busca por encerrada
Mais um sinal: Uma secretária e sua provável filha, uniformizadas,
De mãos dadas embaixo de um guarda-chuva azul
Passinhos ágeis seguem o  elegante  salto alto
Em meio a correria elas param.

E um abraço sufocante, tira o ar dos que não  tem tempo
Ocupados, desafetuosos, mecanizados.
Entao não me diga que não há espaço para afeto
Não nessa cidade tão poética.

 Sei que ainda brota um jardim desse estéril cimento.
Amanda Medina.

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