Cinco minutos rastejantes
O que fazer nesse tempo?
Em cinco minutos se faz um beijo
se assina um tratado de paz
ou uma união matrimonial
Pode-se morrer em cinco minutos
Ou conceber um filho
Pode-se fazer uma omelete nesses 5
Pode ser a melhor soneca do dia
A vida é um somar de cinco minutos
Essa misera parcela da tempo...
Amanda Medina
Agora lá fora cai uma chuva fina.
Amanheceu desses dias que não querem nascer.
O sol está de ressaca e eu só quero dizer o pouco.
Dizer que não sou sempre triste assim.
Dizer que fico garoando as vezes,
nuvem evaporo pelo ar.
Mas só as vezes.
As vezes não quero nascer porque algo meu não veio junto,
ficou para trás falando: "ei hoje não, boa sorte"
Não posso tocar essas pessoas.
Estão tão próximas que um mundo nos separa.
Essas grades invisíveis são muito mais indestrutíveis
que qualquer liga metálica.
Mais fortes que diamante.
Porque usam algo tão puro para grades?
Meus filhos, meus netos? Quantos de nós?
Quantos mais, até realmente termos dignidade.
Até todo horror do mundo ser curado.
Até as feridas na alma do homem serem sanadas.
Tudo isso é nuvem e lágrima,
passando em alma silente nesse dia nublado.
Esse ar frio tem qualquer coisa tímida de esperança.
Não para mim, mas para um raiar de dia esplendoroso,
em futuro distante.
Meus olhos terão passado.
Mas meu sentimento estará gravado, nesse dia frio.
Você ai do futuro.
Se de algum modo puder me alcançar.
Se quiser me falar.
Apenas me diga: Sim meu velho, nós conseguimos... nós conseguimos.
Israel
13/04/11
Carrpe Diem
O que sinto, quando sinto você?
Me pergunto, mas a resposta não é racional
Eu não sou racional
Sou só sentimento, transfigurado em mulher
Sinto sua dor;
Sua revolta;
Sua irá;
Sua incapacidade de resignação;
Sinto sua compaixão;
Seu desprezo;
Seu deboche;
Seu desafio;
Sua surpresa;
Sua rotina;
Sua teimosia orgulhosa;
Seu sonhar doloroso;
Seu concretizar luminoso;
Sua reclusão desafiadora;
Um paradoxo, um mistério, um impossível, um improvável,um anacrônico, um bipolar...
Sou qualquer coisa entre o ser e o regressar
Quanto te sinto sou
Quando te vejo, regresso .
O que sou e para onde volto...
Isso nem meu mar sabe.
Amanda Medina.
12h:00min
Pelos muros pichados na cidade
Sente-se a ira dessa gente alada,
Povo bonsai, que de tempos em tempos poda suas raízes
Técnica lenta e dolorosa
Que resulta num não crescimento
Se movem pelas máquinas
pois os corações deformados
Apenas pulsam, nunca amaram.
Contudo, penetra a atmosfera cinzenta
Um casal de sexagenários
Gente de raízes profundas
Do tempo das varandas e dos namoros de muro
Olhar elevado, vasculhando...
E derrepente, não mais que derrepente,
Um sorriso! Me comovo com sorrisos inesperados
Ainda é outono, e há andorinhas nos fios telefônicos.
Talvez uma dúzia
Para lembrar os pequenos cariocas, empurrados do ninho, sem asas.
Mais umas esquinas, horário de rush.
Um casal estudantil me leva aos primórdios do sentimento
Pensam estar seguros, longe dos portões da escola
Afastados do olhar rígido de um pai que esqueceu-se do desejo
Não imaginam nada além das sutilezas do próximo gesto
Não imaginam nada além das sutilezas do próximo gesto
Mais um sorriso apaixonado
Sutilezas da delicadeza do querer bem
Sutilezas da delicadeza do querer bem
Mal sabem eles o qual observados são...
Minhas manias de observação
Me levam a um contemplar dos sinais de alegriaMinhas manias de observação
Uma caçada árdua nesse dia sem Sol
E quando dava minha busca por encerrada
E quando dava minha busca por encerrada
Mais um sinal: Uma secretária e sua provável filha, uniformizadas,
De mãos dadas embaixo de um guarda-chuva azul
Passinhos ágeis seguem o elegante salto alto
Em meio a correria elas param.
E um abraço sufocante, tira o ar dos que não tem tempo
E um abraço sufocante, tira o ar dos que não tem tempo
Ocupados, desafetuosos, mecanizados.
Entao não me diga que não há espaço para afeto
Não nessa cidade tão poética.Entao não me diga que não há espaço para afeto
Sei que ainda brota um jardim desse estéril cimento.
Amanda Medina.
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